Fugindo dos bárbaros no caos do fim do Império Romano, os restos de civilização se reuniram em torno de paliçadas. A família era a alma da resistência |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Continuação do post anterior: A família nas origens da civilização
No início da Idade Média, os homens mais civilizados, horrorizados com a invasão dos bárbaros, começaram a galgar os montes e montanhas, fixando-se nos pontos menos acessíveis.
De tal modo que os normandos passando pelas vias fluviais não tivessem vontade de atingi-los.
Começaram, por outro lado, a fixar culturas e a construir casas por detrás dos pântanos, nos lugares chamados marécage, zonas pantanosas atrás das quais há regiões férteis.
No topo dos morros para escapulir dos bárbaros, passaram a construir defesas com pedras. |
Eram fugas desordenadas, levadas a efeito pelo pavor.
Por isso fugiam, não cidades inteiras, mas grupos de famílias.
E cada qual para onde podia.
Em presença da rudeza da natureza e dos adversários que os atacavam de todos os lados, não tendo mais um Estado que os governasse.
Os reis, fracos e sem nenhum poder, não podiam fazer chegar suas ordens a esses lugares absolutamente recônditos que ficaram reduzidos à célula inicial da sociedade, a família.
Esta foi a organização natural primeira que lhes permitiu sobreviver.
A “motte” medieval feita primeiro de paliçadas foram as primitivas “fortalezas” para proteção dos agrupamentos familiares iniciais.
O paterfamilias chefiou agueles grupos humanos. No quadro, preside o Conselho Municipal de Roncal, Espanha. (Joaquín Sorolla, 1914). |
Em cada um destes grupos sociais, o paterfamilias, em geral de envergadura maior, tomava a direção.
Ele era o suporte natural daquela coletividade em debandada.
Era um homem de personalidade muito ampla, dotado do poder de chefiar, da perspectiva dos perigos, da capacidade de organizar, e no qual todos encontravam ponto de apoio.
Ele organizava a vida.
Sua prole herdava suas qualidades e herdava suas funções.
Em torno deste homem e desta família princeps começaram então a se aglutinar as famílias dos fugitivos, constituindo pequenas unidades sociais, que eram naturalmente monárquicas e familiares.
Monárquicas pela presença de uma autoridade única inquestionável; familiares porque, em essência, o que havia era o chefe de uma família com sua grei alargada.
A esses se somavam os agregados que ali entravam como pessoas admitidas, toleradas, semi-assimiladas, mas que não constituíam propriamente a essência daquela unidade, que se consubstanciava no chefe e na sua família.
Funck-Brentano dá-nos uma descrição em extremo pitoresca – no que ele é exímio – de uma dessas pequenas aldeias de tipo fundamentalmente familiar, que vai se formando.
As famílias cresciam, diversificavam as funções e assimilavam pelo casamento outras pessoas |
Começa a produção das armas, as mulheres tecem, aparecem certas criações, como a das abelhas.
Tudo isto faz de cada família um pequeno mundo, e no centro está o chefe.
Onde está o Estado? Quase não existe.
Todas as funções que lhe são próprias, exerce-as o chefe da família.
Continua no próximo post: As estirpes ordenaram os homens que fugiam do caos
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