terça-feira, 29 de novembro de 2016

Majestade régia? Desigualdade odiosa?
Não! Um juiz trabalhista julgando uma causa

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Dir-se-ia um rei. Assim parece indicar a touca na cabeça, o manto de arminho, o fato de ele estar sentado num trono, usando um traje azul pomposo e um homem se inclina diante dele e este também.

Entretanto, não é um rei.

O internauta sabe quem é esse aí?

É um juiz trabalhista!

Patrões e operários reuniam-se em associações profissionais para resolver seus problemas. Essas associações tinham o nome de corporações de ofício, ou guildas.

Naquela época não havia lei trabalhista como nós a conhecemos hoje: cada profissão reunida na respectiva corporação ditava as normas e regras que guiavam o trabalho deles.

Controle de qualidade
Mas não era no sistema de deputados que se reúnem numa Assembléia ou Câmara e ditam leis que ficam valendo para todo o mundo, por exemplo, para todo o Brasil.

Essas leis feitas lá longe muitas vezes são recebidas como mais uma forma de interferência do Estado na vida dos cidadãos, ou como modelos de desconhecimento da vida real e dos problemas da categoria.

O verdadeiramente determinante era o costume: quer dizer os fabricantes de móveis, ou de salsichas tinham certos costumes para trabalhar, produzir, vender, então, pronto!

Esse costume ‒ se não era imoral, quer dizer, se não ia contra a Lei de Deus e contra o Direito Natural ‒ virava lei efetiva.

O conjunto legal assim definido é conhecido como Direito Consuetudinário.

Por vezes, o costume era transcrito no papel. Outras vezes ficava na tradição oral.

Obviamente, podiam aparecer litígios. Então as corporações de ofício escolhiam seus juízes que julgavam segundo esses códigos profissionais.

Havia assim tribunais diretamente ligados à categoria para resolver as questões trabalhistas com profundo conhecimento de causa.

Métodos honestos
Sempre eleito juiz um membro da corporação. E, para julgar as questões trabalhistas ele vestia, neste lugar, nesta cidade, com esta roupa e sentava nesse trono.

Vagamente os juízes ainda conservam certas aparências nessa linha como a toga e por vezes sentam numa poltrona mais elevada.

Na iluminura a discussão versa sobre o método de trabalho empregado pelos querelantes: o juiz esta vendo eles agirem para depois emitir sentença.

O juiz presta atenção num e depois no outro. Os dois são operários também.

Veja-se com que esplendor se vestia um juiz plebeu, um juiz de profissão trabalhista, e a respeitabilidade com que ele era considerado e respeitado.

Isso é um elemento indispensável para ter garantia de uma Justiça bem feita, neste vale de lágrimas.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 22/4/1973. Sem revisão do autor).


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terça-feira, 15 de novembro de 2016

Bulício na rua, aconchego no lar:
agradáveis contrastes da vida medieval

Mercado medieval, séculos XII-XIII
Luis Dufaur
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Uma coisa magnífica na Idade Média é o contraste entre, de um lado, os remansos e de outro lado a atividade, a luta e até a aventura.

Nunca houve tanta atividade, tanta luta, tanta aventura como quando houve remanso.

As ruas das cidades da Idade Média viviam repletas, borbulhando de atividade.

Todos os andares térreos com comércios, anúncios, gente gritando para vender mercadorias, falando alto, brigaria.

As ruas eram movimentadíssimas.

Mas nas casas que bordejavam as ruas, de um lado e de outro, logo na primeira sala se estava psicologicamente a mil léguas da rua.

Não eram como as casas de hoje que têm um janelão que dá para a rua e a pessoa no quarto de dormir se sente na rua.

Mas eram aquelas casas de paredes grossas ‒ parede grossa tem um efeito psicológico tremendo ‒ com umas janelas com onde o peitoril é larguíssimo, com banquinho de um lado e de outro para colocar almofada.

Móveis medievais, Museu de Arte decorativa, Paris
Móveis medievais, Museu de Arte decorativa, Paris
Podemos imaginar uma família sentada de um e outro lado da janela para aproveitar a luz que entra, e lendo um livrão.

E um jarrozinho de flor ainda no peitoril da janela.

Porta de casa medieval. Museu de Arte decorativa, Paris
Umas tulipas, uma coisa qualquer iluminada pela luz que entra, e a rua psicologicamente a léguas.


Os vidros das janelas eram tipo fundo de garrafa, de maneira que o ambiente da casa já ressumia intimidade a poucos centímetros da rua onde está havendo toda aquela barulheira.

Depois, noites calmas e muito recolhidas.

Os bandidos prestavam este serviço: todo mundo tinha medo de sair por falta de iluminação e por causa deles.

Então, fora ruge o perigo, mas dentro, as casas têm portas com dobradiças de metal e trancas aferrolhadas.

De maneira que a pessoa ouve lá fora os bandidos e o guarda que vai correndo atrás deles, se sentido inteiramente seguro em casa.

Dentro, cada um se sente aconchegado, com um carapução e bebendo um chá de losna, com pantufas, junto á lareira que está acesa, enquanto um qualquer vai lendo a história dos antepassados, mesmo nas famílias plebeias. Ou lendo o Evangelho e a vida dos Santos.

Tem-se aquela sensação de tranquilidade...

Quarto de dormir da Idade Média, Museu de Arte Decorativa, Paris.
No silêncio da noite, o guarda passa cantando canções religiosas para avisar todo mundo que ele está por perto...

Eu aprendi em menino uma canção em alemão que dizia:

“Ouvi, senhor, e permiti que Vos cante que nosso relógio deu doze horas. Meia noite. Doze apóstolos no mundo. Ó homem quanta vigilância isto representa para teu coração”.

Tudo isto, ouvido no isolamento da casa onde mora muita gente, e gente intimamente imbricada pela solidariedade familiar, dá uma atmosfera de aconchego, de calor, de placidez, que é propriamente o remanso dentro da vida familiar.

É um remanso gerado pela reta vida estática, e não é uma paradera de morte.

(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 29/4/67. Sem revisão do autor.)


Vídeo: dormitório medieval com peças de época




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terça-feira, 1 de novembro de 2016

Moradia: conforto físico e bem estar moral

Um recanto nas ruas de Warwick, Grã-Bretanha
Um recanto nas ruas de Warwick, Grã-Bretanha
Luis Dufaur
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Comparar é um dos melhores meios de analisar.

Se queremos, pois analisar nossa época, é legítimo que a comparemos.

E com o que? Com o futuro, ainda incógnito, é impossível, pois objetos desconhecidos não podem servir de termo de comparação.

Logo, a comparação só pode ser com o passado.

Uma das mais notáveis utilidades da História consiste precisamente nisto: apresentar-nos uma fiel imagem do passado, a fim de que melhor conheçamos o presente.

E fazer tal comparação não é ser saudosista. É ser claro, prático, direto no nobre exercício de espírito que é a análise.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

A cidade onde os moradores
pagam R$ 3,20 de aluguel por ano há cinco séculos

Moradias populares medievais em Fuggerei (Augsburg) a preço irrisório, o mesmo de há cinco séculos.
Moradias populares medievais em Fuggerei (Augsburg) a preço irrisório,
o mesmo de há cinco séculos.
Luis Dufaur
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Na comunidade de Fuggerei, dentro da cidade de Augsburgo, na Baviera, o aluguel não sobe desde o século XVI, época em que era cobrado em florins, moeda há muito desaparecida.

Os moradores do “projeto habitacional mais antigo do mundo”, e que ali residem pagam apenas um dólar (cerca de R$ 3,20) de aluguel ao ano.

“Somos uma pequena comunidade e nos damos bem”, disse Ilona Barber, de 66 anos, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

No bairro moram por volta de 150 pessoas que vivem em casas pitorescas, algumas das quais atravessaram os séculos com suas fachadas quase inalteradas.

Hoje são objeto de visitas de turistas.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Monges fazem a melhor cerveja do mundo,
como na Idade Média

Westvleteren XII a melhor cerveja do mundo é feita por monges trapistas que levam vida de penitência.
Westvleteren XII a melhor cerveja do mundo
é feita por monges trapistas que levam vida de penitência.
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Há perto de três anos pudemos comentar um artigo vindo da França, narrando que a cerveja Westvleteren XII, produzida pelos monges trapistas da abadia de São Sixto de Westvleteren, na Bélgica, ocupava o primeiro lugar das melhores cervejas do mundo, segundo o site americano especializado www.rateBeer.com.

Mas as modas mudam. Há pressões econômicas para transformar em puro negócio aquilo que é uma tradição religiosa de vários séculos.

Também o chamado “progressismo católico” tem uma declarada animadversão aos costumes e às tradições católicas que remontam à Idade Média, uma idade de fé em que o Evangelho penetrava todas as instituições, segundo ensinou o Papa Leão XIII.

No mês de junho do presente ano (2016), o site da revista italiana “Pane & Focolare” trouxe a notícia de que os monges trapistas de São Sixto de Westvleteren prosseguem imperturbáveis a tradição de fabrico de cerveja artesanal da mais alta qualidade.

E que, em consequência, essa cerveja monacal continua sendo votada como a melhor do mundo no referido site de apreciadores da bebida. Confira.

Os monges não querem saber de um aumento de produção ou qualquer argumento econômico que possa por em perigo o recolhimento de sua vida monástica.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Festas familiares, festins e jogos marcavam o dia a dia
A vida quotidiana medieval

Luis Dufaur
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Todos os acontecimentos que atingem a família real, ou apenas a família senhorial do local — nascimentos, casamentos, etc. — são ocasião para distrações e festividades.

Também as feiras comportam a sua dose de diversões.

É nessas ocasiões que os jograis exibem os seus talentos, desde os que recitam fragmentos de canções de gesta ao som do alaúde ou da viola, até aos simples lutadores, que com as suas carantonhas, acrobacias e malabarismos atraem um círculo de pacóvios.

Por vezes, tais antepassados de Tabarin efetuam pantominas, mostram animais inteligentes ou fazem equilíbrio sobre uma corda esticada a alturas impressionantes.

Depois do espetáculo, seja de que gênero for, a distração preferida na Idade Média é a dança. Não há banquete que não seja seguido por um baile.

Danças dos donzéis nos castelos, carolas aldeãs, rondas em torno da árvore de maio. Nenhum passatempo é mais apreciado, sobretudo pela juventude, e os romances e poemas fazem-lhe frequentes alusões.

Aprecia-se a mistura de cantos e de danças, e certos refrães servem de pretexto para bailar e cantarolar, tal como as fogueiras de São João para saltar e fazer rondas.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Lazeres e divertimentos impregnavam a vida quotidiana
Condições de trabalho dos medievais

Luis Dufaur
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A organização dos lazeres é de base religiosa. Todo feriado é dia de festa, e toda festa começa pelas cerimônias do culto, frequentemente longas e sempre solenes.

Prolongam-se em espetáculos que, dados primitivamente na própria igreja, não tardaram a ser deslocados para o adro.

São as cenas da vida de Cristo, das quais a principal, a Paixão, suscita obras-primas redescobertas pela nossa época.

A Virgem e os santos inspiram também o teatro, e toda a gente conhece o Miracle de Théophile [Milagre de Teófilo], que teve uma voga extraordinária.

São espetáculos essencialmente populares, com o povo por atores e por auditório.

E o auditório é ativo, vibrando a um pequeno pormenor dessas cenas que evocam sentimentos e emoções de uma qualidade muito diferente das do teatro atual, uma vez que não apenas o intelecto ou a sentimentalidade entram em jogo, mas também crenças profundas, capazes de transportar esse mesmo povo até às costas da Ásia Menor, por apelo de um Papa.

Como sempre, é parte integrante a nota paródica, levada muito longe.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

O número de horas era ditado pela natureza,
mas havia incontáveis dias de repouso
Condições de trabalho dos medievais

O ritmo do trabalho na Idade Média era ditado pelos ritmos da natureza.
O ritmo do trabalho na Idade Média era ditado pelos ritmos da natureza.
Luis Dufaur
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O ritmo da jornada de trabalho varia muito na Idade Média, segundo as estações.

É o sino da paróquia ou do mosteiro vizinho que chama o artesão à oficina e o camponês aos campos, e as horas das trindades mudam com a duração do dia solar.

Em princípio, as pessoas deitam-se e levantam-se ao mesmo tempo que o Sol.

No Inverno o trabalho começa por volta das oito ou nove horas, para terminar às cinco ou seis.

No verão a jornada começa a partir das cinco ou seis da manhã, para só terminar às sete ou oito da noite.

Com as duas interrupções para as refeições, delimitam-se jornadas de trabalho que variam de oito a nove horas no inverno, e no verão até doze ou treze, por vezes quinze horas.

É este ainda o regime habitual das famílias camponesas.

Mas isto não se verifica todos os dias.

Em primeiro lugar, pratica-se aquilo a que se chama a semana inglesa.

Todos os sábados, e nas vésperas dos feriados, o trabalho cessa à uma hora da tarde em certos ofícios; e para todas as pessoas nas vésperas, quer dizer, o mais tardar por volta das quatro horas.

Aplica-se o mesmo regime às festas que não são feriados, isto é, uma trintena de dias por ano, tais como o dia de Cinzas, das Implorações, dos Santos Inocentes, etc.

Repousa-se igualmente na festa do padroeiro da confraria e da paróquia, além de feriado completo no domingo e nos dias de festas obrigatórias.

As festas são muito numerosas na Idade Média: de trinta a trinta e três por ano, segundo as províncias.

Às quatro festas que conhecemos hoje em dia em França acrescentavam-se não só o dia de Finados, a Epifania, as segundas-feiras de Páscoa e de Pentecostes, e três dias na oitava do Natal.

Numerosas outras festas passam mais ou menos desapercebidas atualmente, tais como Purificação, Invenção e Exaltação da Santa Cruz, Anunciação, São João, São Martinho, São Nicolau, etc.

O calendário litúrgico regula assim todo o ano, introduzindo grande variedade, tanto mais que se dá a estas festas muito mais importância do que nos nossos dias.

É pelas datas das festas que se mede o tempo, e não pelos dias do mês. Fala-se do “Santo André”, e não de 30 de novembro, e diz-se três dias depois do São Marcos, de preferência a 28 de abril.

Em sua honra são igualmente preteridas exigências de ordem social, tais como as da justiça, por exemplo.

Os devedores insolúveis, aos quais é designada uma residência forçada — regime que faz lembrar a prisão por dívidas, embora sob uma forma mais doce — podem abandonar a prisão e ir e vir livremente da Quinta-feira Santa até a terça-feira de Páscoa, do sábado à terça-feira de Pentecostes, da véspera de Natal até a Circuncisão.

Estas são noções que nos é difícil hoje em dia compreender perfeitamente.

No total, havia cerca de noventa dias por ano de feriados completos, com setenta dias e mais de feriados parciais, ou seja, cerca de três meses de férias repartidas ao longo do ano, o que garantia uma variedade inesgotável na cadência do trabalho.

Em geral as pessoas queixavam-se mesmo, como o sapateiro de La Fontaine, de ter demasiados dias feriados.


(Autor: Régine Pernoud, “Lumière du Moyen Âge”, Bernard Grasset Éditeur, Paris, 1944)


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terça-feira, 9 de agosto de 2016

Grandes invenções mudaram o trabalho e a produtividade
Condições de trabalho dos medievais

Mestre de obras instrui os pedreiros que estão com seus instrumentos
Mestre de obras instrui os pedreiros que estão com seus instrumentos
Luis Dufaur
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Os instrumentos de trabalho são sensivelmente os mesmos de que nos servimos até ao século XIX, antes do desenvolvimento do maquinismo e da motorização da agricultura.

É necessário contudo mencionar que o carro de mão, cuja invenção uma tradição bem estabelecida atribui a Pascal, já existia na Idade Média, em tudo semelhante àquele de que nos servimos atualmente.

É possível ver manuscritos do século XIV cujas iluminuras mostram trabalhadores transportando pedras ou tijolos em carros de mão, dos quais sustentam um dos braços por meio de uma corda passada sobre o ombro, para poderem transportar mais facilmente a carga. O processo ainda é usado pelos nossos operários.

Devem-se várias invenções à Idade Média, e a sua importância tornou-se demasiado grande com o andar dos tempos, não admitindo que sejam passadas em silêncio: a albarda (jugo) dos cavalos, por exemplo.

Até então a atrelagem concentrava todo o esforço sobre o peito do animal, de tal modo que uma carga um pouco mais importante produzia o risco de sufocação.

Foi no decurso do século X que apareceu a engenhosa ideia de atrelar os animais de carga de modo a que fosse o corpo inteiro a suportar o peso e esforço requeridos.

Esta inovação deveria introduzir uma profunda renovação dos costumes, pois a tração humana havia sido até então superior à animal (Cf. Lefèbvre des Noettes, L'attelage à travers les âges, Paris, 1931).

Ao inverter a ordem das coisas, tornava-se fácil e possível na prática a supressão da escravatura, necessidade econômica da Antiguidade.