terça-feira, 2 de outubro de 2018

Prefeitura de Bremen: grande nave flutuando num mar de pedras

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






O teto da prefeitura de Bremen tem uma beleza especial. O teto foi muito utilizado como elemento de decoração.

Por exemplo na Catedral de Santo Estevão em Viena, e em outros prédios da Idade Média, se aproveitavam ardósias de cores diversas e faziam-se desenhos bonitos. O golpe de vista é magnífico.

O teto é todo ele de cobre azinhavrado. Com o tempo ele fica com esse verde lindo, de esmeralda. Parece todo feito de uma pedra preciosa.

Por outro lado, o prédio é alegre; se o teto fosse preto ficaria de um peso medonho.

Mas, o verde turmalina comunica alegria e leveza para todo o edifício. Ele dá impressão de que sobe. O Paço não é uma caixa d'água, um quadradão, mas tudo nele convida para elevar-se.

A impressão ascensional é acentuada por três grupos de janelas.

É o tipo perfeito de teto. O teto não deve pesar, mas deve dar a idéia de uma coisa que convida para subir.

A parte debaixo é levíssima também. Ela é composta de uma série de ogivas que dão para uma galeria aberta, onde as pessoas podem passear e ficar em tempo de chuva.

Como se trata de um edifício público era preciso que todo mundo pudesse ficar no edifício se

A galeria acompanha a linha geral do edifício formando um movimento variegado, mas muito leve.

O resultado é que a parte intermediária, que poderia pesar um pouco, fica tão leve que é um verdadeiro encanto.

As janelas são tão grandes que na parte central tomam dois andares. Elas são quase o dobro das janelas laterais que já são altas.

Esses quadradões janelões sem apoio nenhum deveriam ficar de um peso enorme.

Mas, como puxa para cima, como apoia no chão com muita leveza, como as janelas são esguias, o prédio todo dá uma ideia de conto de fadas pela diferença das cores: verde, vermelho claro, entremeado com o beige das pedras.

Há um jogo de cores tão claro, delicado, leve que a gente poderia ter a impressão de que se se colocasse esse prédio sobre uma jangada, ele flutuaria sobre as ondas e não iria para o fundo. Daria, aliás, um lindíssimo palácio flutuante.

Pelos seus imponderáveis, o paço dá a impressão de uma grande nave que flutua numa praça que é um mar de pedras.

Há qualquer coisa de aquático indefinido dentro disso, que é a verdadeira beleza do prédio. O prédio é um encanto.

O Paço Municipal de Bremen tem muitas reminiscências góticas e contrasta com a Catedral, que é um misto de gótico e de romano.

Enquanto este prédio sorri, a Catedral, pelo contrário, tem qualquer coisa de majestoso, de forte e de sério, que lembra um dos aspectos da Igreja Católica: Sua divina severidade.

Esta é uma das mil maravilhas da Europa antiga que o espírito progressista procura de todos os modos insultar, e que os tratadistas de arte e de história procuram desvirtuar.

Porque, a descrição de um edifício desses com as técnicas atuais é inteiramente oposta.

É assim: “Rathaus da cidade de Bremen, século tanto; material empregado: brique tirado de terra especial que se encontra na montanha tal, de onde lhe vem por tal reação química a consistência e a durabilidade do seu vermelho.

Resultado: a gente tem a impressão de que está descrevendo um cadáver. É um pouco como quem diante do cadáver de São Sebastião, em vez de dizer:

A prefeitura de Bremen num dia dia de Natal
“Pro-consul romano, chefe da guarda pretoriana imperial” e fazer um belo comentário, não!:

“São Sebastião; cadáver encontrado na catacumba de tal, etc, pelo famoso arqueólogo Fulano do Tal; é o número tanto do grande álbum de não sei o quê, intitulado tal coisa assim. Esse cadáver mostra que São Sebastião tinha um metro e tanto, por tanto de largo, etc., etc.

“Discute-se pelos seus traços se ele era da Ilíria ou da Macedônia. Há a esse respeito duas federações de associações, cada uma delas sustentando um ponto de vista.

“É de se notar que as armaduras que ele traz são de aço de tal, o que vem provar que o exército romano temperava os seus metais de tal maneira assim”.

Um jovem que ouve no museu um comentário desse tem vontade de sair correndo. Porque isto é a morte no seu aspecto mais horroroso, que é a coisa reduzida a esqueleto.

Aí a gente não tem a sensação da morte mas da perenidade. Não é possível que uma coisa destas esteja definitivamente morta. Não é da glória de Deus.

Ele não pode permitir que uma coisa destas tenha desaparecido da Terra e que nunca mais algo de análogo vá brilhar como um valor que oriente os homens.

Se isto fosse assim, era para o mundo terminar logo, porque que haja novos séculos e novas civilizações construídas sobre o conspurcado de tudo isso é impossível, a glória de Deus não permite.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 14.8.67, não revisto pelo autor)


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