quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Santo Natal e Feliz Ano Novo !

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





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terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Feiras de Natal: o encanto da tradição medieval oscula a festa religiosa

Feira de Natal, Frankfurt
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Longe da banalidade comercial de hoje, o sorriso sobrenatural do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo enchia de alegria suave e de aconchego as praças de cidades e aldeias, de palácios e choupanas da Idade Média.

A tradição, embora deformada, pervive até hoje.

Trata-se das feiras de Natal que ainda dominam em cidades alemãs, austríacas, alsacianas, etc., na Europa.

Elas constituem um eco saudoso, requintado em épocas posteriores, do Natal medieval.

Cheiro de ervas, amêndoas torradas, vinho, cravo, canela, incenso e resina de pinheiro.

Enfeites natalinos que falam não ao corpo mas à alma nos fazem reviver as profundas alegrias da infância.

Bremen
Alegrias que a festa do nascimento do Menino Jesus reaviva em toda alma reta.

Luz de vela, utensílios de madeira: tudo relembra o aspecto material rude da Gruta de Belém.

Ao mesmo tempo, parece ecoar a insondável luz sobrenatural da graça, do cântico dos anjos, da alegria ingênua e enlevada dos pastores, do maravilhamento entusiasmado dos Reis do Oriente diante do Menino Deus.

As feiras de Natal da Alemanha começam no Advento, período litúrgico tradicional das quatro semanas antes do Natal.

Dresde erige uma “pirâmide” de Natal de 14 metros de altura que não é outra coisa senão um bolo de frutas típico (Christstollen), pesando quatro toneladas.

Nuremberg

A mais antiga feira, porém, é a de Nuremberg.

A de Colônia, muito famosa, na realidade é só de 1820.

Mas como que querendo estabelecer uma ligação com o imponderável da Idade Média a cidade tem seis feiras natalinas, uma delas ao lado de sua catedral gótica, a maior da Alemanha.

Em Augsburgo, a especialidade é o pão de mel. Lá, o imenso pinheiro de Natal fica pequenino ao lado das torres da igreja, que medem 150 metros.

Em dezembro, cerca de dois milhões de pessoas passam pela feira natalina a respirar uma pontinha do charme medieval que nelas paira impalpavelmente.

Passau
Quanto mais autênticas, mais querem se parecer com os mercados medievais.

Pode se encontrar um porco sendo assado em um espeto de madeira, pessoas com roupas longas, sapatos de couro de ovelha e chapéus de uma outra era.

E se alguém perguntar, a resposta é uma só: o Sr., a Sra. está em um mercado de Natal medieval.

Iluminados por fogueiras acessas no chão ao invés da chata moderna lâmpada, o cheiro de madeira queimada domina o local.

Mergulhadas num ambiente que fala de fé e lógica, as pessoas compram artigos forjados no fogo, como facas e utensílios de cozinha.

Em Siegburg, um grupo de saltimbancos-trovadores anuncia o fim da feira todos os dias, com um show de fogo e instrumentos medievais.


terça-feira, 26 de novembro de 2024

Cenas da vida de todos os dias numa cidade medieval

Ambiente de conforto e largueza na casa burguesa
Luis Dufaur
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A cena acontece num lar da burguesia.

Por certo, o homem não é um faminto, mas tem bom apetite.

Olhem com que apetite ele olha para o prato dele! A mulher esta trazendo para ele um pernil.

Eles estão bem agasalhados, o ambiente de conforto que há na casa!

Na outra gravura, um burguês ‒ literalmente: habitante do burgo, quer dizer, da cidade, de classe média ‒ está discutindo com criadores camponeses o preço do animal que está comprando.


Compra e venda numa rua medieval
Vê-se a diferença de categoria: ele está mais bem vestido, tem a sua bolsinha cheia de dinheiro, e é muito mais seguro de si.

Fome nenhum deles está passando, todos eles estão bem. A vida melhor é certamente a do burguês.

O trabalho é sempre tranquilo, sempre distendido e dir-se-ia que era especialmente um mundo de obesos.

Numa pequena rua de comércio há lojinhas.

Os fregueses estão conversando; os artigos estão expostos à venda e vê-se trabalhadores manuais.

Outros conversam ou negociam numa mesa bem regada com vinho ou alguma cerveja.

São artesões e alguns produzem a coisa in loco.

Mais uma vez trabalho ao ar livre, trabalho em condições higiênicas, trabalho cômodo.

Nenhum deles está na correria louca de uma pessoa que anda por São Paulo na Avenida Paulista, ou no Rio de Janeiro na Avenida Central.

Todos estão numa vida normal, numa vida calma, só falta sorrir.




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terça-feira, 12 de novembro de 2024

Variedade e unidade das cidades e burgos medievais acolhia extremos opostos e harmônicos

Cesky Krumlov, na República Checa, capital antiga da região de Rosenberg, possuía a nobreza mais rica e influente do país
Cesky Krumlov, na República Checa, capital antiga da região de Rosenberg,
possuía a nobreza mais rica e influente do país
Luis Dufaur
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O espírito católico que permeou a Idade Média, segundo o célebre ensinamento do papa Leão XIII suscitou uma admirável expansão do espírito de cada povo, região, cidade e aldeia.

O resultado no urbanismo foi o aparecimento de cidades com estilos fabulosamente diversos.

Nada havia das cidades monótonas modernas que se repetem a si próprias um pouco por todo mundo.

Cada conjunto humano gestava sem planificação, segundo suas propensões naturais de alma, a cidade que bem entendia.

Eguisheim, uma das cidadinhas camponesas e burguesas da Alsácia, Frnça
Essa plenitude de liberdade pode nos parecer caótica pelas sua fabulosa riqueza e diversidade.

No clip abaixo temos três exemplos que “hurlent de se trouver ensemble” (“berram pelo simples fato de estarem juntos”).

No início a cidade de Jerez de La Fontera, na Andaluzia (Espanha) onde é palpável a influência moura.

Logo a seguir, Bruges, a riquíssima cidade da Bélgica, espécie de capital dos panos, das artes e do comércio no tempo de esplendor medieval.

Por fim, a encantadora Rothenburg ob der Tauber, na Alemanha, na sua inacreditável originalidade e harmonia das formas e cores de seus prédios que parecem surgidos de um conto de fadas.

Esses são apenas alguns exemplos da infindável variedade de estilos nascidos livremente sob a proteção benfazeja da Igreja.

É inegável também a unidade de fundo entre essas cidades que vem do fato de terem sido, ou ainda serem, católicas.

Vídeo: Tecklenburg, modelo de harmonia entre a civilização e a natureza




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segunda-feira, 28 de outubro de 2024

A paz medieval, o comércio, as grandes cidades
e o dirigismo hodierno

Iluminura, jogo de Xadrez
Iluminura apresenta medievais num jogo de Xadrez
Luis Dufaur
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Pelo fim da Idade Média, a partir do século XII ou XIII, quando as guerras entre os feudos decaem, a Europa começa a conhecer uma relativa paz.

A ação dos cavaleiros andantes, no extermínio dos bandidos, acabou de desinfestar as estradas e o comércio começou a circular.

Ao mesmo tempo em que o comércio circula, as barreiras desses pequenos mundos se modificam.

E, concomitantemente, vão começando a formar-se aqui, lá e acolá, grandes cidades.

Vai surgindo nos vários reinos uma capital, o rei; e a figura do monarca se destaca.

Ele constitui uma corte, tudo caminha para a centralização.

E essa centralização vai do século XIII, numa marcha ascensional, até o século XVII e começo do XVIII, com Luís XIV na França.

E com reis que participaram um pouco do protótipo de Luís XIV, antes ou depois dele — como, por exemplo, o rei Felipe II, na Espanha, ou Pedro o grande e Catarina a grande, na Rússia etc. O que sucede então é que essa centralização transforma completamente o jogo das influências.

Luis XIV, rei centralizador afastou-se da harmonia social medieval, Hyacinthe Rigaud
Luiz XIV, rei centralizador abafou a harmonia social medieval.
Hyacinthe Rigaud (1659 - 1743). Museu do Louvre.
A corte de Luís XIV é paradigmática. Ela já não é a corte medieval.

O rei é o rei sol. Ele se considera o rei como se deve ser rei, o modelo perfeito e acabado do rei.

Uma nobreza, ao lado dele, que se considera e é tida por toda a Europa como modelo perfeito e acabado da aristocracia de salão.

Um conjunto de estadistas que a Europa reputa modelos perfeitos e acabados de estadistas do tempo.

Um conjunto de grandes damas que são o protótipo da elegância, da graça e da beleza feminina do século.

Até a cátedra sagrada entra nesse movimento, e aparece o grande orador sacro, como Bossuet.

E assim forma-se um centro, que é o centro modelar no qual se espelha toda a França, mas espelha-se também toda a Europa, em proporção maior ou menor.

Verifica-se então o fenômeno do afrancesamento da Europa.

Por toda parte vão ruindo as influências locais, os fatores característicos vão desaparecendo.

E aparece um centro dotado dos melhores técnicos, dos melhores especialistas em tudo, desde a arte de conversar até a arte de dirigir finanças, ou de dirigir exércitos, ou de ocupar a tribuna sagrada.

E este centro, imitado por todos, transforma a situação.

A vida, a propulsão social não vem mais da base para cima, mas vem do alto para baixo. É uma inversão da ordem medieval que pressagia maiores desastres.

A imposição de certos estilos e modos de ser de fora para dentro como sucede em shows atuais, vai transformando uma sociedade orgânica em massa

Napoleão, totalitarismo dirigista oposto à sociedade orgânica medieval
Napoleão Bonaparte encarnou o modelo de governante totalitário moderno
E essa orientação centralizadora, ao contrário do que parece, não cessa com a Revolução Francesa.

O Comité de Salut Publique teve uma influência centralizadora e uma soma de poderes muito maior que a de Luís XIV. Mas Napoleão teve uma soma de poderes maior que a do Comité de Salut Publique.

E em geral os historiadores e os juristas franceses estão de acordo em afirmar que um chefe de Estado francês de nossos dias tem, no fundo — é verdade que circunscrito pela lei — uma influência, uma capacidade de dirigir o corpo social muito maior que a de Luís XIV, no auge de sua glória.

Mudou o jogo de influências, passou-se da monarquia mais ou menos aristocrática para a democracia; nessa democracia, evidentemente, o rei passou a ser o povo.

E então, no mesmo centro dirigente, se passam as coisas de um modo um pouco diverso.

Em outros termos, há um conjunto de técnicos, há um conjunto de especialistas que disputam entre si a escolha da solução a ser dada aos problemas.

Eles são apoiados por sistemas de propaganda, têm a seu serviço a imprensa, o rádio, a televisão, o cinema, enfim, todos os meios comuns de propaganda. E, com isso, influenciam o eleitorado.

Manifestação socialista em Sydney: massa sem vida própria, dirigida pela propaganda
O totalitarismo das massas teleguiadas por líderes populistas ou socialistas
dominou e escureceu o horizonte do século XX
O eleitorado-rei decide a favor de uns ou a favor de outros, mas o impulso principal continua a vir da capital, de técnicos que afluíram para a capital, que se dissociaram dos respectivos centros de vida, que vivem da vida artificial da capital, que a partir da capital comandam a propaganda e obtêm, através das eleições, o mando necessário para realizar aquilo que desejam.

De maneira que, em última análise, a capital, com os seus valores cívicos, dirige de fora para dentro a sociedade; e os elementos regionais e locais vão cada vez mais perdendo a sua influência, perdendo a sua capacidade de movimentação.

O resultado dessa nova situação é a depauperação do homem contemporâneo. Cada um de nós tem a sensação de viver como um grão de areia isolado dentro da multidão.

Nós de tal maneira nos habituamos aos meios de propaganda — de tal maneira nos acostumamos a estímulos de fora de nosso espírito, de nossa mente, que nos oferecem material para pensarmos, para refletirmos etc. — que já se chegou à seguinte situação (para mim, a última palavra nessa matéria!): torcedores, em estádio de futebol, assistem à partida com o rádio ao ouvido, porque sem o auxílio de alguém que lhes diga o que está acontecendo (e que eles também estão vendo) não conseguem tomar uma atitude individual e própria em face do fato que se apresentou".

Imperador, Cardeal, nobres e populares discutem sobre a cidade: povo hierárquico vivendo na harmonía
Um imperador e um cardeal rodeados de populares
conversam sobre a cidade.
O Papa Pio XII estabeleceu magistralmente a diferença entre povo e massa na famosa radiomensagem de Natal de 1944:
"O povo vive e move-se por vida própria; a massa é em si mesma inerte e não pode mover-se senão por um elemento extrínseco.

"O povo vive da plenitude da vida dos homens que o compõem, cada um dos quais — na sua própria posição e do modo que lhe é próprio — é uma pessoa cônscia das suas próprias responsabilidades e das suas próprias convicções.

"A massa, pelo contrário, espera o impulso que lhe vem de fora, fácil joguete nas mãos de quem quer que lhe explore os instintos e as impressões, pronta a seguir, sucessivamente, hoje esta, amanhã aquela bandeira".

(Discorsi e Radiomessaggi di Sua Santità Pio XII, Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. VI, p. 239).


(Autor: Plínio Corrêa de Oliveira, "Catolicismo", maio de 2002)


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