terça-feira, 24 de julho de 2018

O Renascimento Urbano medieval

Bruges: nasceu sobre uma ponte do castelo
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






O renascimento comercial e industrial dos séculos IX e X atraiu o reagrupamento de grupos de pessoas junto às residências senhoris ou episcopais, como no caso de Bruges, hoje importante cidade da Bélgica.

Jean Lelong, cronista de Saint-Bertin, retrata no século XII, o nascimento da cidade de Bruges, dois séculos antes:

“(Balduíno I construiu uma muralha para proteger sua residência dos piratas normandos). Posteriormente, para atender as necessidades dos residentes na fortaleza começaram a chegar negociantes que se instalaram diante da porta de entrada e da saída do castelo.

“Quer dizer, após os comerciantes de artigos caros, vieram logo a seguir: os taverneiros; os hoteleiros que forneciam refeições e abrigo para os negociantes que, por sua vez, vinham a tratar frequentes vezes com o Senhor e ainda o fazem até o presente; os construtores de casas e pousadas para os que não eram hospedados no interior do castelo. A fórmula de todos era: “Vamos para a ponte”, porque “brugghe” significa ponte no vernáculo.

“A população cresceu tanto que logo surgiu uma cidade importante que até hoje conserva seu nome popular de ponte, ou Bruges.”
Muitos centros episcopais e mosteiros que possuíam relíquias milagrosas estiveram na origem de cidades.

Ao relatar a peregrinação de Saint-Trond, Bélgica, (São Trudo em português; e Sint-Truiden em flamengo), no século XI, o abade Rudolph nos fornece implicitamente o processo de formação de uma dessas cidades:

Saint-Trond nasceu em volta do santuário do santo

“O que ainda contribuiu para aumentar as riquezas foi o túmulo de São Trudo, onde ele se mostrava diariamente com brilho por meio de numerosos milagres, cuja eco era tão espalhado pelo mundo afora que nem o terreno da abadia, ou até mesmo no território de nossa cidade eram suficientes para conter a multidão de peregrinos.

“De fato, até cerca de meia milha em volta da cidade, em todas as estradas que convergiam a ela, e também através dos campos e prados, uma massa de peregrinos ‒ nobres, homens livres e servos ‒ reuniam-se todo dia, e mais especialmente nas festas.

“Aqueles que por causa da multidão não conseguiam encontrar um lugar nos lares dos habitantes da cidade dormiam em tendas ou em abrigos improvisados com paus e panos. Ter-se-ia a impressão de que eles se tinham estabelecido em volta da cidade para sitiá-la.

“Acrescentai a isso um grande número de comerciantes que, com seus cavalos, carruagens, carroças e bestas de carga apenas conseguiam satisfazer as necessidades da multidão dos romeiros.

“E o que dizer das oferendas feitas ao altar?

“Tudo isto sem mencionar os animais de carga, cavalos, bois, vacas, porcos, ovelhas e carneiros que eram trazidos em quantidades inacreditáveis...”

(Fonte: “Documentation Historique” No. 28, 17/04/1970)



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quarta-feira, 11 de julho de 2018

Paço Municipal de Bremen: uma espécie de palácio real

Paço municipal de Bremen: o símbolo da autonomia da cidade
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Bremen é uma das mais gloriosas cidades medievais da Alemanha.

As cidades de Bremen, de Hamburg, de Lübeck e de Danzig eram as quatro cidades pivots da Liga Anseática.

Eram cidades que adotavam uma forma de governo burguesa em que as corporações elegiam uns tantos representantes, que constituíam a Câmara Municipal.

De fato, o governo da cidade acabava tocando a uma oligarquia de famílias, que constituía uma aristocracia monetária dedicada ao comércio e à indústria.

Elas se ligaram e formaram a famosa Liga Anseática que chegou a ter marinha de guerra própria a era tão rica que emprestava dinheiro até aos imperadores do Sacro Império Romano Alemão.

Durante algum tempo foi uma das maiores potências da Europa.

Como essas cidades eram governadas pelas prefeituras e o paço municipal era o símbolo da autonomia da cidade, elas procuravam fazer prédios municipais muito bonitos e dignos.

Os Países Baixos e a Alemanha eram lugares de municipalismo muito desenvolvido com paços municipais que eram verdadeiros palácios régios.

O paço municipal — Rathaus (em alemão), ou Casa do Conselho — de Bremen tem uma praça e ao fundo a Catedral. A Catedral, a praça e a prefeitura formam um só conjunto visual.

Praça de Bremen: irregular mas com simetria, disposição muito judiciosa e adequada
A praça é irregular mas tem simetria pela disposição muito judiciosa e adequada.

Ela evita ficar como as praças de certas cidadezinhas — simétricas, chão batido, com poças d'água, milho, galinha, pinto postas ao contrário das obras de Deus, sem conta, sem peso e sem medida.

O urbanismo moderno não usa jato d'água. Um jato d'água elegante, leve, bonito, poderia atenuar a irremediável das técnicas modernas.

A praça tem uma torre colocada num lugar assimétrico, mas que é antiga e que condiz com o monumento. Este edifício com algumas figuras no alto é antigo também.

Todo o ambiente é antigo. O ambiente é renascentista com reminiscências medievais.


(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 14.8.67, não revisto pelo autor)



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