A Ponte dos suspiros, assim chamada porque os réus ali dariam seu último adeus |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A Ponte dos Suspiros, em Veneza. Quem não a conhece? Reúne dois corredores de palácios.
Tão simples! Tão pequena! É insignificante como obra de engenharia em comparação com qualquer dos nossos minhocões.
Os senhores acham que algum desses minhocões vai passar para a história?
A Ponte dos Suspiros é uma amostra da natureza espiritual da alma humana. Embora tal vez não seja verdade que os condenados à morte passavam por essa ponte, a ideia de que uma ponte chamada dos Suspiros!
Como é nobre suspirar numa ponte, olhando para a água! Como isso é belo! Que bom lugar para suspirar!
E quanta dignificação entra a alma humana escolher um lugar adequado para o ponto onde ela suspira!
Quem não ouviu falar da Ponte dos Suspiros? Quem não a admira?
Os senhores em São Paulo comparem o Viaduto do Chá com o Viaduto Santo Ifigênia. Todo mundo gosta mais do Viaduto do Chá.
O Viaduto do Chá é uma rua Barão de Itapetininga que se prolonga em dois parapeitos sem graça, onde a única singularidade que há é uma espécie de batatões de cimento.
Comparem com o Viaduto de Santa Ifigênia, mais estreito, menos escancarado.
Mas olhem as grades do viaduto: todas ornadas, todas floridas; olhem os metais que estão em baixo: todos ligeiros, nada fala de massa pesada, agressiva.
Com frequência a ponte se reflete nos rios que passam sob ela.
Pode-se dizer que a alegria do rio é passar sob a ponte, recolher a sua imagem e depois levá-la muito além.
E que quando um rio passa por debaixo de uma bela ponte, um capítulo de sua história foi feito. Ele passou pela ponte tal.
Ponte Sant'Angelo sobre o Tibre, Roma, em direção ao castelo do Santo Anjo Miguel |
Por que? Porque ele trouxe algo dessa figura.
Mas como é verdade o contrário!
Imaginem uma ponte a cujos pés tenha secado a água; a cujos pés a água tenha deixado de correr por uma razão qualquer, por exemplo, uma obra prosaica que obrigou o desvio das águas.
Os srs. imaginem a solidão da ponte vendo seus fundamentos secos, e nada do que acontece junto a ela.
A sua imagem não se reflete, não tem brilho, está seca, esturricada no ar.
De repente, abrem-se as comportas e a água começa a circular; da parte da ponte, um gáudio!
Se é uma alegria refletir algo que representa uma tradição, quanta alegria é refletir uma tradição em algo que representa o futuro.
E a continuidade da água que vem de um local remoto, fica enobrecida por um presente formoso e se encaminha enobrecida para o futuro.
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra pronunciada em 26.8.78, sem revisão do autor)
GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS HEROIS ORAÇÕES CONTOS SIMBOLOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário! Escreva sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.