Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Veneza é uma cidade que desafia o equilíbrio. Ela é uma sublime explosão de cores e de formas meio despreocupadas tendendo a um prodigioso meio irreal.
Veneza embriaga.
Veneza é uma das muitas Itálias, porque houve incontáveis Itálias.
Podemos ver antes de tudo, a diferença que vai entre o Campanile ‒ que é uma torre contendo os sinos ‒, e a Basílica de São Marcos.
De lado, fica o incomparável Palácio dos Doges, governantes supremos da República de Veneza eleitos cada cinco anos.
A Basílica é a capela dos Doges e a torre é o campanário da Basílica.
O Campanile é reto, vai para o céu quase como um desafio.
Ele se despreocupou completamente com o que está ao redor dele, não liga para nada.
A parte de baixo toda nua, simples, tem um gosto italiano muito especial.
É um pequeno pormenor, não no centro como poria o francês, mas de lado: uma fila de janelinhas.
A gente não sabe como eles imaginaram pôr essas janelinhas desse tamanhinho e de lado.
Mas a massa da torre seria monótona sem elas, e perderia sua imponência se tivesse janelinhas demais.
Sem as janelinhas ficaria um fracasso. Com janelinhas lá, aqui, acolá, ficava uma torre banal, um pombal.
Com essas janelinhas de lado, ela fica perfeita.
O que esse Campanile tem de comum com a Basílica? Quase nada.
A Basílica é indescritível, parece trazida do Oriente por anjos. Não há elogio que baste para ela.
Ela também se divide em duas partes definidas.
A parte de baixo é escura. Nela, há duas arcadas menores e um grande arco central.
Na parte de cima, luminosa, há uma espécie de rosácea e um rendilhado em pedra, com três cúpulas, que são uma verdadeira maravilha.
Elas parecem brancas pela luz do sol, mas de fato, elas mudam de cor com o céu.
Quando eu visitei Veneza, uma noite havia um grande concerto. Os refletores iluminavam as cúpulas.
E à medida que a orquestra ia tocando, as luzes iam variando de acordo com a música. Então, ora era rubi, ora era ouro, ora era safira, etc. e a música solta.
Quando terminou um turista deu um berro com os dois braços abertos: ele estava, como eu, simplesmente extasiado.
O Campanile começou a tocar, o concerto tinha acabado. Era uma verdadeira maravilha.
(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, 15/2/1972. Sem revisão do autor)
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Esta foto da Basílica de São Marcos vista de noite bem se poderia cognominar A PORTA DO PARAÍSO.
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