Biblioteca da Universidade de Salamanca, Espanha |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Sem dúvida um dos florões da cidade medieval foi a instituição da Universidade.
Hoje são comuns. Mas elas constituem uma das melhores e mais exclusivas invenções medievais.
Não é verdade que a Idade Média tenha sido uma época de estreitamento intelectual, escreveu Jean Guiraud.
Biblioteca da Universidade de Coimbra, Portugal |
O século que precedeu a Renascença, o século XIV, foi, no dizer de M. Coville, “uma época de grande atividade intelectual”.
A Universidade de Paris exercia a profissão de fazer falar a “razão no seio da Igreja – Ratio dictans in Ecclesia”.
Gerson a chamava “nosso Paraíso terrestre no qual estava a árvore da ciência do bem e do mal”.
Seus ensinamentos tinham gerado centenas de mestres seguidos por milhares de estudantes.
“A Faculdade de Artes nos dá, em 1349, 502 mestres regentes (titulares); em 1403 já havia 790, e esse número é inexato. No sínodo de Paris de 1406, Jean Petit falava de mil mestres e um assistente o interrompeu para retificar, afirmando existirem dois mil”.
Não se saberia determinar o número dos estudantes. Juvenal de Ursins diz seriamente, a propósito de um desfile em 1412:
“O desfile foi feito da Universidade de Paris até Saint-Denis; e quando os primeiros estavam em Saint-Denis, o reitor estava ainda em Saint-Mathurin, rua Saint-Jacques”.
Isto significa um cortejo de estudantes com mais de 12 quilômetros de extensão!
Universidade de Coimbra, Portugal |
E isto não nos deve deixar admirados porque, já no século XIII, estimava-se em 30.000 a população universitária de Paris e em 20.000 a de Bologna.
Tornando-se mais importante pelo seu renome e a multidão de seus mestres, a Universidade de Paris tinha numerosas rivais na França e na Europa inteira.
Movimento dos astros reproduzidos |
Ora, durante todos os séculos da Idade Média, este povo de estudantes tinha dado provas de uma vida intelectual intensa.
“Em certas ruas, escreve M. Coville, não havia casa sem escola; de todo lado se elevavam as construções imponentes dos colégios; em toda parte ensinava-se, discutia-se.
“A vida se passava em longos comentários de autores e em argumentação ou 'disputas', segundo a expressão consagrada.
“Havia as sessões solenes de argumentação na Faculdade de Artes, nos colégios da Navarra e da Sorbonne onde estes exercícios se prolongavam mesmo durante o recreio.
“É ao começo do século XIV que se reporta a instituição da sustentação dita “Sorbonnique” onde o autor devia sustentar uma tese durante doze horas.
“A Universidade nunca havia tido uma atividade intelectual tão intensa”.
Capela da Universidade de Coimbra
Essas controvérsias, tocando as questões as mais graves, eram encorajadas pela própria Igreja.
O Anjo da Escola, São Tomás de Aquino, não havia ensinado que a razão pode render conta da fé e que a teologia é uma ciência?
“Seriam necessários inúmeros volumes – nos diz Victor Le Clerc – para enumerar a multidão dos teólogos que floresceram no século XIV, teólogos esses tão numerosos e tão fecundos que se faziam notar pelo ardor de suas especulações”.
(Autor: Jean Guiraud - “Histoire Partiale, Histoire Vraie”)
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