Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Na Idade Média, como em todas as épocas, a criança vai à escola. Em geral, à escola da sua paróquia ou do mosteiro mais próximo.
Todas as igrejas agregam a si uma escola, pois o concílio de Latrão, em 1179, faz-lhes disso uma obrigação estrita.
É uma disposição corrente, ainda visível na Inglaterra, encontrar reunidos a igreja, o cemitério e a escola.
Frequentemente, são também as fundações senhoriais que asseguram a instrução das crianças: Rosny, uma aldeiazinha das margens do Sena, tinha desde o início do século XIII uma escola, fundada por volta do ano 1200 pelo seu senhor Guy V Mauvoisin.
Por vezes também, trata-se de escolas puramente privadas, quando os habitantes de um lugarejo associam-se para sustentar um professor encarregado de ensinar as crianças.
Um pequeno texto divertido conservou-nos a petição de alguns pais solicitando a demissão de um professor.
Não tendo sabido fazer-se respeitar pelos seus alunos, foi por eles desrespeitado, ao ponto de eles o picarem com os seus grafiones (eum pugiunt grafionibus), isto é, os estiletes com os quais eles escrevem nas suas tabuinhas revestidas de cera.
Em Paris encontram-se desde o século XII três séries de estabelecimentos escolares:
— a escola Notre-Dame, ou grupo de escolas do bispado, cuja direção é assumida pelo chantre para as classes elementares, e pelo chanceler para o grau superior;
Mas os privilegiados são evidentemente aqueles que podem aproveitar o ensino das escolas episcopais ou monásticas, ou ainda das escolas capitulares, porque os capítulos das catedrais estavam submetidos à obrigação de ensinar o que o referido concílio de Latrão lhes fixara.
Diz Luchaire: “Em cada diocese fora das escolas rurais ou paroquiais que já existiam, os capítulos e os mosteiros principais tinham as suas escolas, o seu pessoal de professores e de alunos” (La société française au temps de Philippe-Auguste, p. 68).
Algumas adquiriram na Idade Média uma notabilidade muito particular.
Por exemplo, as de Chartres, Lyon, Mans, onde os alunos representavam as tragédias antigas; a de Lisieux, onde no início do século XII o bispo em pessoa se deleitava em ensinar; a de Cambrai, sobre a qual um texto citado pelo erudito Pithou nos informa que elas tinham sido estabelecidas especialmente a fim de serem úteis ao povo na condução dos seus assuntos temporais.
As escolas monásticas tiveram talvez ainda mais renome, como as de Bec e Fleury-sur-Loire, onde foi aluno o rei Roberto, o Piedoso; a de Saint-Géraud d’Aurillac, onde Gerbert aprendeu os primeiros rudimentos das ciências que ele próprio iria levar até um tão alto grau de perfeição; a de Marmoutier, perto de Tours; a de Saint-Bénigne de Dijon, etc.
Em Paris encontram-se desde o século XII três séries de estabelecimentos escolares:
— a escola Notre-Dame, ou grupo de escolas do bispado, cuja direção é assumida pelo chantre para as classes elementares, e pelo chanceler para o grau superior;
— as escolas de abadias como Sainte-Geneviève, Saint-Victor ou Saint-Germain-des-Prés;
— e enfim as instituições particulares abertas por professores que obtiveram a licença de ensino, como por exemplo Abelardo.
A criança era aí admitida com sete ou oito anos de idade, e o ensino que preparava para os estudos da universidade estendia-se como hoje por uma dezena de anos. São os números que fornece o abade Gilles de Muisit.
Os rapazes eram separados das moças, que tinham em geral os seus estabelecimentos particulares, menos numerosos talvez, mas onde os estudos eram por vezes muito ativos.
A abadia de Argenteuil, onde foi educada Heloísa, ensinava às moças a Sagrada Escritura, as letras, a medicina e mesmo a cirurgia, sem contar o grego e o hebraico que Abelardo lá ensinou.
Em geral, as pequenas escolas proporcionavam aos seus alunos as noções de gramática, aritmética, geometria, música e teologia, que lhes permitiriam aceder às ciências estudadas nas universidades.
É possível que algumas tenham comportado uma espécie de ensino técnico.
A Histoire Littéraire cita, por exemplo, a escola de Vassor, na diocese de Metz, na qual, enquanto se aprendia a Sagrada Escritura e as letras, se trabalhava o ouro, a prata, o cobre (Cf. Livro VII, c. 29, citado por J. Guiraud, Histoire partiale, histoire vraie, p. 348).
(Autor: Régine Pernoud, “Lumière du Moyen Âge” - Bernard Grasset Éditeur, Paris, 1944)
Continua no próximo post
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