segunda-feira, 6 de maio de 2024

O quê se estudava nas Universidades?
O ensino na Idade Média – 5


Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








continuação do post anterior

O ensino é dado em latim. Divide-se em dois ramos: o trivium ou artes liberais – gramática, retórica e lógica; e o quadrivium, quer dizer, as ciências – aritmética, geometria, música e astronomia.

Com as três faculdades de Teologia, Direito e Medicina, eles formam o ciclo dos conhecimentos.

Como método, utiliza-se sobretudo o comentário. Segundo a matéria ensinada, lê-se um texto — as Étymologies (Etimologias) de Isidoro de Sevilha, as Sentences (Sentenças) de Pedro Lombardo, um tratado de Aristóteles ou de Sêneca — e glosa-se o texto, fazendo todas as observações às quais ele pode dar lugar, do ponto de vista gramatical, jurídico, filosófico, linguístico, etc.

Portanto esse ensino é sobretudo oral, dá espaço importante à discussão — questiones disputate — de assuntos na ordem do dia, tratados e discutidos pelos candidatos na licenciatura perante um auditório de professores e alunos.

Alguns deram lugar a tratados completos de filosofia ou de teologia, e glosas célebres, passadas por escrito, eram comentadas e explicadas na continuação dos cursos.

As teses defendidas pelos candidatos ao doutoramento não são então simples exposições sobre uma obra inteiramente redigida, mas teses emitidas e defendidas perante todo um anfiteatro de doutores e de professores, durante as quais qualquer assistente pode tomar a palavra e apresentar as suas objeções.

Como se vê, esse ensino apresenta-se sob uma forma sintética, sendo cada ramo recolocado num conjunto onde adquire um valor próprio, correspondendo à sua importância para o pensamento humano.

Por exemplo, há nos nossos dias equivalência entre uma licenciatura em filosofia e uma licenciatura em espanhol ou inglês, ainda que a formação suposta por estas diferentes disciplinas se coloque num plano muito diferente.

Na Idade Média se pode ser mestre de filosofia, teologia ou direito, ou ainda mestre em artes, o que implica o estudo do conjunto ou do essencial dos conhecimentos relativos ao homem, representando o trivium as ciências do espírito, e o quadrivium as dos corpos e dos números que os regem.

Toda a série de estudos se aplica, portanto, a dar uma cultura geral, e só se faz realmente uma especialização ao sair da faculdade. 

É isto que explica o caráter enciclopédico dos sábios e dos letrados da época.

 Um Roger Bacon, um Jean de Salisbury, um Alberto Magno dominaram realmente os conhecimentos da época e podem entregar-se sucessivamente aos mais diferentes assuntos sem temer a dispersão, pois a sua visão de base é uma visão de conjunto.
 

(Autor: Régine Pernoud, “Lumière du Moyen Âge” - Bernard Grasset Éditeur, Paris, 1944)

Continua no próximo post



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Um comentário:

  1. Pena que não se usa mais esse método usado na idade média... eu gostaria de ter estudado desse jeito...

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