Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Continuação do post anterior: O Pálio de Siena, relíquia palpitante de vida da Civilização Cristã (2)
Entre a "prova generale" e a "provaccia", um banquete
Nos dias que antecedem a corrida, a cidade toda se agita com os preparativos.
A municipalidade anuncia em termos solenes a sua próxima realização, as contradas se aprestam, as casas são enfeitadas, preparam-se as vestes para o desfile, ninguém comenta outra coisa senão o Pálio: Siena vai viver seu grande dia.
A corrida tem regras muito peculiares, a começar pelo sorteio dos cavalos entre as contradas.
Os capitães escolhem os dez melhores entre os animais que podem concorrer, e cada um destes recebe um número, colocado sob a sua orelha direita; uma criança, retirando de uma urna um número e de outra um nome, decide a qual contrada será entregue cada cavalo.
Aconteça o que acontecer, a escolha pela sorte não pode ser mudada.
Em duas ocasiões sucedeu de um cavalo morrer durante os treinos: os representantes da contrada infeliz desfilaram na festa com uma tarja na bandeira e uma capa preta nos tambores silenciosos.
As montarias são levadas para as respectivas contradas, onde são tratadas e vigiadas com grande cuidado. O capitão sorteia o jóquei, que poderá, conforme sua atuação, tornar-se famoso ou execrado.
Começa então uma série de treinos, para habituar os cavalos com a saída e com os perigos do percurso.
Na tarde da véspera todos correm, já vestidos com seus uniformes, a "prova generale", após a qual participam de um grande banquete. E na manhã do grande dia há um último treino, a "provaccia".
Enquanto isto são instaladas na praça as tribunas de honra, as arquibancadas, uma plataforma para os juízes, outra para os priores das contradas, e cercas ao longo da pista, que é recoberta com terra.
O pároco abençoa o jóquei e o cavalo
O dia da corrida amanhece em meio à animação e alegria gerais.
Por todos os meios de transporte chegam continuamente ondas de gente, habitantes das cidades vizinhas, turistas de todo o mundo.
Na catedral é celebrada Missa em louvor de Nossa Senhora; a imagem da Madonna delle Grazie é exposta à multidão dos fiéis.
As ruas estão todas enfeitadas, dos balcões das casas pendem ricos tapetes.
Em três praças importantes são hasteadas as bandeiras dos três "terzi" em que se divide a cidade, correspondentes aos castelos primitivos.
Cada contrada tem seu próprio oratório, onde antes do desfile o jóquei vai rezar e beijar uma relíquia.
Ele, e também o cavalo, recebem uma bênção do pároco, após a qual dirigem-se, como todo o séquito que logo as acompanhará no desfile, ao Palácio do Arcebispo, a fim de prestar-lhe homenagem.
Entrementes, a praça se enche de espectadores — sua capacidade é calculada em 50 mil pessoas.
As arquibancadas, o canteiro central, as janelas das casas, telhados, postes, tudo regurgita de gente.
A expectativa é intensa, quando o grande sino da torre Mangia começa a badalar vagarosa e sonoramente, anunciando o desfile que precede a corrida, o "cortejo histórico", durante o qual ele se fará ouvir sem cessar.
Espocam morteiros, surge a guarda dos "carabinieri", que dão a volta da pista, a cavalo, sob os aplausos da multidão. Pela segunda vez os morteiros troam; é o sinal de que começou o desfile.
Continua no próximo post: O Pálio de Siena, onde o passado glorioso da Civilização Cristã entra no presente (4)
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