Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Quem viaja pela Toscana e chega de noite a Siena atravessa majestosas muralhas e percorre ruas antigas e tortuosas, cheias de mistérios e de encanto.
Assim chega até a Piazza del Campo, centro da história da cidade através dos séculos. Se sobe pela Via di Cittá encontra a catedral, das mais lindas joias da arte medieval italiana, na riqueza de seus mármores e mosaicos.
Então, a pessoa sente a impressão de ter penetrado num mundo de sonhos.
No silêncio e solidão da noite, a cidade como que esconde o que tem de atual, de moderno.
Paira no ambiente apenas o perfume da civilização medieval, da qual ela foi um glorioso expoente e é hoje fiel testemunho.
Siena foi na Idade Média um dos centros mais florescentes da Itália, pelo valor militar e pelo gênio artístico de seus filhos.
Mas foi grande sobretudo pelo espírito católico que os vivificava, e que deu à Igreja Santa Catarina e São Bernardino, aos quais seu nome está imortalmente ligado.
Expoente outrora da civilização cristã, hoje a cidade não é senão um retrato do que foi.
Duas vezes por ano, contudo, ela revive, os habitantes retomam os trajes antigos, as corporações de artesãos ressurgem.
Bandeiras medievais são hasteadas, ouvem-se trombetas e tambores de guerra, e, como que saído por encanto de alguma iluminura, um esplêndido cortejo entra na Piazza del Campo ante os olhos maravilhados dos espectadores.
E a festa do Pálio, realizada tradicionalmente desde o século XIV, na qual Siena parece voltar ao passado, oferecendo uma visão encantadora da alma guerreira, artística e religiosa da Idade Média.
Séculos de glória militar
Siena é uma das cidades mais velhas do mundo.
Foi na Antiguidade um centro etrusco, depois gaulês, e por fim romano.
Nos primórdios da Idade Média era constituída por três povoações em redor de outros tantos castelos: Castel Vecchio, Castel di Val di Montone, agora convento dos Servos de Maria, e Castellare de Camollia, hoje desaparecido.
Depois esses pequenos burgos cresceram até se encontrarem em torno da Piazza del Campo, que se tornou o centro de Siena.
Ali se edificou, em 1297, o Palácio Público, com a torre Mangia, de 102 metros de altura.
Seu sino marcava a vida da cidade, soando alegre nas festas, fúnebre nas calamidades e vibrante ao chamar para a guerra.
Sucederam-se séculos de glória militar e de florescimento artístico.
Foi construída a catedral, toda de mármore, listrada de preto e branco, a obra-prima do estilo gótico italiano.
Duccio de Buoninsegna criou a famosa escola sienense de pintura, que no século XIV alcançou seu apogeu.
Em 1555, porém, após uma resistência heróica, a cidade foi dominada pelas forças de Carlos V e anexada ao ducado da Toscana.
Perdeu então para sempre sua independência.
A Piazza del Campo, coração da cidade, é semi-circular e apresenta uma ligeira depressão em frente ao Palácio Público.
É rodeada de mais dois palácios e de velhas mansões.
A Piazza del Campo é cenário de um dos mais fabulosos espetáculos medievais que perduram até nossos dias com uma assistência extraordinária de público vindo de todas partes.
Nas comemorações é feita uma corrida de cavalos para a qual demarca-se uma larga pista entre os edifícios e o centro da praça — pista muito perigosa, devido a dois ângulos retos e à depressão a que nos referimos, exigindo grande perícia dos jóqueis, que montam sem arreio.
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Olá, quando diz que foi um centro etrusco a cidade, depois gaulês e então romano, baseia-se em que? Estou a realizar um trabalho com enfoque na questão histórica de como se formou a cidade de Siena e queria fontes para realizar a pesquisa. Desde já, obrigada.
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