Autoridades da corporação dos comerciantes de Paris em 1611. O chefe desta corporação passou a ser prefeito da cidade |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A influência das corporações é tal na cidade, que acabam por desempenhar um papel político.
Em algumas cidades, como Marselha, os delegados dos ofícios tomam parte efetiva na direção dos assuntos comunais.
Fazem parte compulsivamente do conselho geral, nenhuma decisão que toque os interesses da cidade pode ser tomada sem eles, escolhem semanalmente os “semaneiros” que assistem o reitor, e sem os quais não se pode tomar deliberação.
Repetindo a expressão do historiador da comuna de Marselha, M. Bourrilly, os chefes de ofício eram “o elemento motor” da vida municipal, e poder-se-ia dizer que Marselha teve no século XIII um governo de base corporativa.
A confraria, que existe um pouco por toda parte, tem origem religiosa.
Mesmo onde o ofício não está organizado em mestria ou confraria (jurande), é um centro de entreajuda.
Entre os encargos que pesam regularmente sobre a caixa da comunidade, figuram em primeiro lugar as pensões dadas aos mestres idosos ou enfermos, e durante o tempo de doença e de convalescença as ajudas aos membros doentes.
É um sistema de seguros no qual cada caso pode ser conhecido e examinado em particular, o que permite levar o remédio apropriado a cada situação e evitar também os abusos e as acumulações.
“Se ao filho de mestre acontece ser pobre, e quer aprender, os membros do conselho devem mandá-lo aprender com base nos 5 soldos (taxa corporativa) e com as suas esmolas” – diz o estatuto dos “armeiros” ou fabricantes de escudos.
A corporação ajuda os seus membros, se necessário, quando estão em viagem ou em caso de desemprego.
Thomas Deloney põe na boca de um colega do “nobre ofício” uma passagem muito significativa.
Tom Drum (é o seu nome) encontra no caminho um jovem senhor arruinado, e propõe-lhe que o acompanhe até Londres:
Sapateiro e seu cliente
“Sou eu quem paga. Se fosses sapateiro como eu, poderias viajar de uma ponta à outra da Inglaterra, sem um penny no bolso.
“No entanto, em todas as cidades encontrarias cama, boa mesa e o que beber, sem gastares nada.
“Os sapateiros querem que a nenhum deles falte nada.
“O nosso regulamento diz: ‘Se um companheiro chega a uma cidade, sem dinheiro e sem pão, tem apenas que se fazer conhecer, e não precisa se ocupar com outra coisa.
“Os outros companheiros da cidade não só o recebem bem, mas oferecem-lhe gratuitamente o sustento e a alimentação.
“Se quer trabalhar, a comissão encarrega-se de lhe encontrar um patrão, e não tem de se incomodar’.
Esta curta passagem diz o suficiente para dispensar comentários.
Assim compreendidas, as corporações eram um centro muito vivo de ajuda mútua, fazendo honra à divisa “todos por um, cada um por todos”.
Os ourives tinham fama pelas suas obras de caridade, e com base nisso obtêm a permissão de abrir a loja aos domingos e nas festas dos Apóstolos, geralmente feriados.
Tudo o que ganham nesse dia serve para oferecer no domingo de Páscoa uma refeição aos pobres de Paris:
“Quanto ganhar a oficina aberta, é posto na caixa da confraria dos ourives, [...]
“e com todo o dinheiro dessa caixa dá-se todos os anos no domingo de Páscoa um jantar aos pobres do Hôtel-Dieu de Paris”.
De igual modo, na maior parte dos ofícios, os órfãos da corporação são educados a expensas suas.
As corporações davam o tom da economia urbana medieval. |
As corporações e confrarias têm cada uma as suas tradições, sua festa, seus ritos piedosos ou burlescos, suas canções, suas insígnias.
Ainda segundo Thomas Deloney, para um sapateiro ser adotado como filho do “nobre ofício”, deve saber “cantar, tocar trompa, tocar flauta, manejar o pau ferrado, combater com a espada e enumerar em versos as suas ferramentas”.
Por ocasião das festas da cidade e nos cortejos solenes, as corporações desfraldam as suas bandeiras, e para quem aí se encontra haverá alguns títulos de precedência.
São pequenos mundos extraordinariamente vivos e ativos, que acabam por dar à cidade o seu impulso e a sua fisionomia original.
Globalmente, não saberíamos resumir a natureza da vida urbana na Idade Média melhor do que citando o grande historiador das cidades medievais, Henri Pirenne:
“A economia urbana é digna da arquitetura gótica da qual é contemporânea.
“Ela criou todas as peças de uma legislação social mais completa do que a de qualquer outra época, incluindo a nossa.
“Suprimindo os intermediários entre vendedor e comprador, assegurou aos burgueses o benefício da vida barata.
“Perseguiu impiedosamente a fraude, protegeu o trabalhador contra a concorrência e a exploração, regulamentou o seu trabalho e o seu salário, velou pela sua higiene, providenciou a aprendizagem, impediu o trabalho da mulher e da criança.
“Ao mesmo tempo conseguiu reservar para a cidade o monopólio de abastecer com os seus produtos os campos circundantes, e de encontrar lá longe saídas para o seu comércio”. (Les villes et les institutions urbaines au Moyen Âge, tomo I, p. 481)
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Maria Nilza você faz cOnvite para sonhar .....O que este e-mail traz ..Quem ler vai dizer :estou sonhando acordada .....
ResponderExcluirFaz bem SONHAR acordada !!OBRIGADA eunice
onharacordada.!!!hguhguhguuh
Em 28 de jul de 2020, à(s) 04:28, muitissimo interessante será queexiste !!Existiu ? Para nos nunca existiu mas o fato de jsaber