Rothenburg ob der Tauber, Alemanha |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
No princípio da Idade Média, procura-se acima de tudo a segurança.
Por isso a vida encontra-se totalmente concentrada no domínio, ou quase tanto, configurando um regime de autarquia feudal, ou antes familiar, durante o qual cada corte procura bastar-se a si própria.
Essa necessidade de se agrupar para efeitos de defesa determina a disposição das aldeias, que se encontram agarradas às encostas do domínio senhorial, onde os servos se refugiarão em caso de alerta.
As casas estão amontoadas umas às outras, utilizam a mínima polegada de terreno e não ultrapassam as escarpas da colina em que se ergue o torreão.
Tal disposição é ainda muito visível em castelos como o de Roquebrune, perto de Nice, que data do século XI.
Como era comum nas cidades medievais, Rothenburg ob der Tauber se circundou de muralhas e torres para garantir a segurança, Alemanha |
Se na cidade primitiva predominam ruelas estreitas, não é por gosto, mas por necessidade, porque era preciso que a população se estabelecesse, bem ou mal, na cintura das muralhas.
O mesmo não acontece com os arrabaldes que se multiplicam a partir do fim do século XI.
Se as ruelas são também aí tortuosas, é por seguirem o traçado das muralhas determinado pela configuração geral do local.
Mas não se pense que o alinhamento das casas era deixado à exclusiva fantasia dos habitantes.
A maioria das cidades antigas são construídas de acordo com um plano bem visível.
Em Marselha, por exemplo, as vias principais, como a Rua de São Lourenço, são estritamente paralelas às margens do porto, onde vão desembocar as ruelas transversais.
Quando estas ruas são muito estreitas, pode-se estar certo de que isso acontece por razões muito precisas, como no Midi a defesa do vento ou do sol.
É uma disposição muito judiciosa, e isso fica patente quando em Marselha os adeptos do barão Haussmann traçaram essa lamentável Rua da República, vasto corredor glacial que desfigura a antiga colina dos Moinhos.
A cidade de Bram, na região de Languedoc, França, escolheu um traçado concêntrico das ruas |
Mas, sempre que podem e não são estorvados pelo clima ou pelas condições exteriores, os arquitetos preferem um plano retangular semelhante ao das cidades mais modernas, como as da América ou da Austrália: grandes artérias cruzando-se em ângulo reto, com um espaço reservado no interior do retângulo para a praça pública, na qual se erguem a igreja, o mercado — e se é caso, a câmara municipal — e ruas secundárias paralelas às primeiras.
Assim foi concebida a maioria das cidades novas. Monpazier, na Dordogne, é muito característica a este respeito, com as suas ruas traçadas a esquadria, recortando blocos de casario de uma absoluta regularidade.
Cidades como Aigues-Mortes, Arcis-sur-Aube, Gimont no Gers, apresentam a mesma simetria de desenho.
(Autor: Régine Pernoud, “Lumière du Moyen Âge”, Bernard Grasset Éditeur, Paris, 1944)
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