A sociedade medieval parecia um organismo com vida própria de extraordinária variedade e autonomia |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Quanto mais estudamos a sociedade medieval através dos textos da época, mais ela se apresenta como um organismo completo — repetindo a comparação cara a Jean de Salisbury — semelhante ao organismo humano, possuindo uma cabeça, um coração e membros.
Mais que desigualdades fundiárias, as três “ordens” — clero, nobreza e terceiro estado* — representam um sistema de repartição das forças, de “divisão de trabalho”.
Daí resulta uma sociedade muito compósita, e que pela sua complexidade lembra efetivamente o corpo humano com a sua quantidade de órgãos estreitamente dependentes uns dos outros, e concorrendo todos tanto para a existência como para o equilíbrio do ser, de que todos se beneficiam igualmente.
Esta complexidade de estrutura agrava-se com a extrema variedade dos senhorios e das províncias.
Cada uma possui os seus caracteres, vigorosamente marcados. Os provérbios do tempo sublinham com complacência e malícia esta diversidade.