segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Corporações: independência trabalhista e importância político-social

Preboste dos mercaderes e magistrados municipais de Paris
Preboste dos mercadores e magistrados municipais de Paris
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs









“Para melhor se defenderem, e por um costume caro à época, os comerciantes medievais tinham o hábito de se associarem.

“Há no princípio, para os navios, o que se chama a “conserva”: dois ou mais navios decidem fazer juntos sua viagem, e esta decisão é objeto de um contrato, que não se rompe sem se expor a sanções e a uma multa.

“De outro lado, os comerciantes de uma cidade, onde quer que eles se encontrem, formam uma associação e elegem um representante seu para os administrar, e, se for necessário, assumir a responsabilidade ou a defesa de seus interesses.

“As ferrarias mais importantes têm um cônsul permanente — ou pelo menos durante a grande “estação” comercial, que vai de São João (24 de junho) a Santo André, em novembro — fiscalizando os armazéns.

“Marseille nos oferece o exemplo dessa instituição dos cônsules, comum nas cidades do Mediterrâneo, cujas decisões só podiam ser suprimidas pelo reitor da comuna e tinham até força da lei. Havia também cônsules na maior parte das cidades da Síria e do Norte da África, em Acre, Ceuta, Bougie, Túnis e nas Baleares.

Mestre escultor e servente. Catedral de Chartres, vitral de São Silvestre
Mestre escultor e servente. Catedral de Chartres, vitral de São Silvestre

“Juntamente com o comércio, o elemento essencial da vida urbana é o artesanato. A maneira como esse foi compreendido na Idade Média, como se regularam o seu exercício e as suas condições, mereceu atrair particularmente a atenção de nossa época, que vê no sistema corporativo uma solução possível para o problema do trabalho.

“Mas o único tipo de corporação realmente interessante é a corporação medieval, tomada no sentido lato de confraria ou associação de ofício, e além disso alterada em boa hora sob a pressão da burguesia. Os séculos seguintes só conheceram as suas deformações ou caricaturas.

“Não se poderia melhor definir a corporação medieval do que vendo nela a organização familiar aplicada ao trabalho. Ela é o agrupamento, num organismo único, de todos os elementos de um ofício determinado.

Patrões, operários e aprendizes estão reunidos, não sob uma autoridade qualquer, mas em virtude dessa solidariedade que nasce naturalmente do exercício de uma mesma indústria.
Acougueiros, catedral de Chartres
Açougueiros, catedral de Chartres


“Como a família, ela é uma associação natural, não emana do Estado nem do rei.

”Quando São Luís manda a Etienne Boileau redigir o “Livro dos ofícios”, é somente para registrar os usos já existentes, sobre os quais sua autoridade não intervém.

“O único papel do rei frente à corporação, como em todas as instituições de direito privado, é de controlar a aplicação legal dos costumes em vigor.

Como a família e a universidade, a corporação medieval é um corpo livre, não conhecendo outras leis que as formuladas por ela. Eis o seu caráter essencial, que será conservado até o fim do século XV”.


(Fonte: Régine Pernoud, “Lumière du Moyen Âge”, Bernard Grasset Éditeur, Paris, 1944)



GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS HEROIS ORAÇÕES CONTOS SIMBOLOS
Voltar a 'Glória da Idade MédiaAS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário! Escreva sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.